Muito tem sido escrito e continua a ser escrito sobre o enigma deste navio, a maioria do que você pensa que sabe sobre ele não é baseada em fatos, mas da imaginação de escritores e imprecisões na comunicação dos eventos. Conheça agora a história deste misterioso navio.
O Inicio
A quilha do futuro Mary Celeste foi lançada no final de 1860 no estaleiro de Joshua Dewis na aldeia da Ilha de Spencer, nas margens da Baía de Fundy na Nova Escócia. O navio foi construído de madeira extraída localmente, com dois mastros, e foi classificado como um bergantim, um navio característico de dois mastros. Ele foi lançado em 18 de maio de 1861, recebeu o nome de Amazon, e foi registrado em Parrsboro, o porto mais próximo de registo, em 10 de junho de 1861. Ele era pertencia originalmente a um consórcio local de nove pessoas, chefiadas por Dewis, entre os parceiros estava Robert McLellan, o primeiro capitão do navio.Em sua Viagem inaugural o "Amazon" navegou através do Alântico para a Five Islands, na Nova Escócia, para pegar um carregamento de madeira com destino a Londres. Depois de supervisionar o carregamento do Navio o Capitão McLellan adoeceu e seu estado de saúde piorou e o Amazon voltou a Ilha de Spencer onde McLellan morreu em 19 de Junho, John Nutting Parker assumiu como capitão e retomou a viagem destinada a McLellan, no decorrer dessa jornada o Amazon encontrou mais algumas desventuras, colidiu com um equipamento de pesca no estreito de Eastport no Maine e depois de deixar Londres ele bateu e afundou um brique no Canal Inglês.
Parker permaneceu como capitão até 1863, foi quando William Thompson assumiu a capitania até 1867, durante esse período nada fora do comum ocorreu com o Amazon até que em Outubro de 1867 em Cape Breton Island, o Amazon foi impulsionado em direção a terra durante uma tempestade, de forma que ficou tão danificado que seus donos o abandonaram como um naufrágio. Em 15 de Outubro ele foi adquirido como "navio abandonado", por Alexander McBean de Glace Bay, Nova Escócia.
Novos Proprietários, novo nome
Um mês após, McBean vendeu o naufrágio a um empresário local que em Novembro de 1868 o vendeu para Richard W. Haines, um marinheiro americano de Nova Iorque. Haines reparou o navio e tornou-se seu capitão em Dezembro de 1868 e o registrou agora como um navio americano com o nome de Mary Celeste.Em Outubro de 1869 o navio foi apreendido por credores de Haines e vendido a um consórcio de Nova Iorque liderado por James H. Winchester.
No inicio de 1872 o navio passou por uma grande reforma aumentando suas dimensões.
Em 29 de Outubro de 1872, o consórcio liderado por Winchester nomeou o novo capitão Benjamin Briggs Spooner.
Abandono
Por volta das 13:00 da quarta feira de 4 de Dezembro de 1872, o Dei Gratia estava a meio caminho de sua rota entre Açores e a costa de Portugal quando o timoneiro avisou o capitão Morehouseter avistado um navio com direção incerta com movimentos errados. A medida que se aproximaram do navio, observaram que não havia ninguém no convés e não tinham retorno algum de suas tentativas de comunicação com o navio, logo reconheceram o navio a partir de seu nome escrito na poupa "Mary Celeste", subiram então para investigar o navio, onde o encontram abandonado, com algumas velas em parte ainda armadas em mau estado e algumas totalmente ausentes do mastro e grande parte do equipamento estava danificada com cordas soltas. A principal tampa da escotilha estava fechada, mas as escotilhas dianteiras estavam abertas. O único barco salva vidas do navio que aparentemente foi arrumado em frente a porta principal do navio estava ausente, a bussola do navio estava deslocada de seu lugar e sua cobertura de vidro quebrada. Havia ainda cerca de 1,1 m de água no porão, uma quantidade significativa mas nada alarmante para um navio daquele porte.Morehouse concordou em trazer o navio abandonado até Gibraltar sob o direito marítimo de que um salvador poderia ganhar uma parte substancial do valor combinado do navio e de sua carga dependendo do grau de perigo do salvamento completo. A tripulação do Dei Gratia foi dividida entre os dois navios. O tempo estava relativamente calmo até Gibraltar, o Dei Gratia chegou a Gibraltar em 12 de Dezembro de 1872 e o Mary Celeste, que tinha encontrado um nevoeiro, chegou na manhã seguinte e ele foi imediatamente apreendido pelo Tribunal Marítimo que preparou audiências sobre o caso.
Audiências sobre o salvamento em Gibraltar
Em 23 de Dezembro foi feita uma investigação no navio no qual foram encontrados cortes em cada lado do arco do navio que demostrava ter sido feito por um instrumento afiado, também foram encontrados possíveis vestígios de sangue na espada do capitão. A investigação concluiu que no casco não apresentavam danos que comprovassem uma colisão ou encalhe. Uma nova investigação feita pelo grupo de capitães da Royal Naval sugeriu também que os cortes nos arcos foram feitos deliberadamente e eles também descobriram manchas em um dos trilhos do navio que poderiam ter sido de sangue juntamente com uma marca profunda possivelmente causada por um machado. Estes resultados fortaleceram as suspeitas de causa humana em vez de um desastre natural estava por trás do mistério.Muita discussão ocorreu nos próximos meses, trocas de acusações e suspeitas de que poderia ter ocorrido um motim e assassinato de Briggs e sua família com a tripulação fugindo temendo seu destino e simulando uma colisão no navio, assim como também as suspeitas sobre a tripulação do Dei Gratia, no qual os investigadores não aceitavam muito que o navio abandonado estaria navegando tão longe sem ninguém no comando.
Com nada de concreto para suportar as suspeitas levantadas o juiz Flood, liberou o Mary Celeste que saiu de Gibraltar em direção a Gênova capitaneado por George Blatchford, quanto a questão do pagamento do salvamento do navio, foi decido o pagamento equivalente a um quinto do valor do navio e sua carga o que deixou a tripulação do Dei Gratia irritada com a decisão. O capitão do Dei Gratia, Morehouse ficou em Gibraltar à disposição do tribunal, devido as suspeitas inicias a tripulação do Dei Gratia ficou com uma desconfiança da opinião publica para sempre.
Muito se especulou sobre as suspeitas levantadas, em 1931 um artigo no Quarterly Review, sugeriu que Morehouse poderia ter ficado esperando o Mary Celeste e então atraído Briggs e sua tripulação a bordo do Dei Gratia e os assassinados, mas está teoria ignora fatos incontestáveis como o fato de o Dei Gratia ter deixado Nova Iorque oito dias após o Mary Celeste e e pelo fato de o Dei Gratia ser um navio mais lento. Outras teorias como ataque de piratas também não se fortaleceram pelo fato de os bens da tripulação estarem intactos.
Algumas teorias sobre causas naturais surgiram, entre elas tromba d'água ou maremotos que fizeram entrar água no navio e isso fez a tripulação abandonar o navio com medo que ele afundasse. Uma possível explosão ou risco de explosão ocorrida por causa de gases formados pela carga também surgiu, mas nenhuma dessas teorias ganhou força.
Em 1904 o Jornal de câmaras, sugeriu que a tripulação toda foi atacada por um polvo gigante ou lulas, além dessas, existiram outras teorias como portais misticos, influencia do triângulo das bermudas, sendo que o navio navegou e foi encontrado muito distante do triângulo e abdução por alienígenas em discos voadores.
Em Novembro de 1884, Parker conspirou com um grupo de carregadores de Boston que preencheram o Mary Celeste com uma carga em grande parte inútil, mal representado no manifesto como bens valiosos e com seguro. Em dezembro Parker partiu para Porto Principe no Haitie se aproximou do canal entre a ilha Gonâve e o continente no qual havia um grande e bem traçado recife de coral, o Banco Rochelois. Parker deliberadamente avançou com o navio em direção a este recife arrancando boa parte inferior do Mary celeste, destruindo ele além de qualquer reparo, Parker e a tripulação em seguida remou para o continente onde Parker vendeu parte da carga aproveitável ao cônsul americano e solicitou créditos pelo valor do seguro.
Quando o cônsul descobriu que o que ele tinha comprado era quase inútil, a companhia de seguros começou uma investigação completa que logo revelou a verdade sobre a carga que havia sido segurada. Em Julho de 1885, Parker e os carregadores foram julgados em Boston por conspiração para cometer fraude de seguros.
Como a pena seria de morte para Parker e na insegurança da repercussão do caso ser mal julgado o júri fez um acordo com Parker e os carregadores que retiraram o pedido pelo seguro, todos saíram livres. No entanto a reputação profissional de Parker foi destruída e ele morreu na pobreza, um dos carregadores ficou louco e outro cometeu suicídio. Falava-se que se o tribunal dos homens não trouxe justiça a maldição do navio trouxe.
Mto bom. Escreve bem.
ResponderExcluirVoce saberia me informar o nome desse comandante em 1869? Onde eu encontro informações sobre o periodo de viagem dele pela America do sul (Pernambuco). Obrigada
ResponderExcluirEsse navio ja teve rota para Pernambuco(litoral)???
ExcluirMuito bom mesmo. Parabéns
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