Por que o TEH também pode ser chamado de Observatório?
Porque ele leva consigo vários instrumentos, que lhe permitem realizar diversas coisas além de simplesmente coletar luz (visível aos olhos humanos), em seu conjunto de espelhos. Ao longo desses 20 anos, o TEH carregou consigo vários instrumentos que já foram desativados. Em missões de manutenção em 1993, 1997, 1999, 2002 e 2009, foram acoplados novos aparelhos ao TEH. Atualmente ele conta com 6 instrumentos, que são basicamente câmeras, que obtém imagens, e espectrógrafos, que analisam a luz: NICMOS (Near Infrared Camera and Multi-Object Spectrometer, uma câmera infravermelha/espectrômetro); ACS (Advanced Camera for Surveys, câmera para mapeamento de luz visível); WFC3 (Wide Field Camera 3, uma câmera de luz visível com campo de visão largo); COS (Cosmic Origins Spectrograph, um espectrógrafo de luz ultravioleta); STIS (Space Telescope Imaging Spectrograph, um espectrógrafo e câmera de luz visível); FGS (Fine Guidance Sensors, três sensores que servem para monitorar “estrelas guias” e manter assim o TEH apontado para a direção correta).
Quais as vantagens e desvantagens de se colocar um telescópio no espaço?
A principal vantagem é que a luz que vem do espaço não precisa atravessar a atmosfera terrestre antes de chegar ao espelho do telescópio. A atmosfera causa ligeiros desvios no rumo da luz, o suficiente para impedir que objetos que tenham tamanho muito, muito pequeno no céu possam ser vistos claramente. Suas imagens acabam ficando “borradas”. Estando fora da atmosfera, só objetos muito, muito, muito, muito pequenos ainda ficam borrados, os “só” muito, muito pequenos já são visíveis claramente. Além disso, mesmo o Sol não estando no céu, a presença da atmosfera faz com que o céu do lado da Terra em que está noite seja “ligeiríssimamente” não completamente escuro, olhando-se a partir da superfície terrestre. A luz que está iluminando o lado onde está dia acaba se espalhando por toda a atmosfera, e uma pequeníssima parte dessa luz consegue “iluminar” o céu do lado em que está noite. Estando acima da atmosfera, o fundo “preto” do céu é preto mesmo!
Por outro lado, pelo fato de sua órbita ficar numa região em que a atmosfera é rarefeita, mas não totalmente inexistente, a atmosfera fica constantemente mudando suas propriedades, de uma forma que não é possível prever perfeitamente. A sua densidade, na altitude onde o TEH fica, varia de acordo com muitos fatores, o que faz, por exemplo, com que a previsão da posição do TEH em 6 semanas já poderia conter um erro de até 4.000km, o que faz ser necessário um monitoramento constante de sua trajetória e das propriedades de seu movimento.
Tomar a decisão entre construir um telescópio fixo em solo, e um espacial como o TEH, atualmente e principalmente nos próximos anos e décadas, é algo bem complexo. Mesmo antes de o TEH ter sido lançado, técnicas especiais em telescópios fixos, tais como a Aperture Masking Interferometry, já obtinham resolução de imagem, em luz visível e luz infravermelha, melhores do que o TEH poderia atingir. Desde então, avanços em Ótica Adaptativa, tem melhorado ainda mais a capacidade de obter imagens de alta resolução, principalmente com luz infravermelha. Mas a escolha de se usar a óptica adaptativa de um telescópio fixo, e um telescópio como o Hubble, depende muito dos detalhes específicos que se esteja pesquisando. Na luz visível, a ótica adaptativa só serve na prática para se obter imagens em relativamente pequenos campos de visão, enquanto que o TEH consegue obter imagens em luz visível de alta resolução em campos de visão bem largos.
Também apenas uma fração pequena de objetos astronômicos é acessível à produção de imagens de alta-resolução por telescópios fixos. Em contraste, o TEH pode produzir imagens de alta resolução de qualquer parte do céu noturno, e de objetos de luminosidade extremamente baixa.
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